domingo, 14 de junho de 2020

O lixo ou a horta?


A terra onde moro tem uma página no Facebook. 

Na verdade tem muitas, mas numa delas, todos os dias existem fotografias com grandes legendas políticas a reclamar da limpeza das ruas, dos caixotes do lixo, da falta de cuidado com o Jardim.

De fato,  muitas vezes  há muito lixo espalhado pelas ruas, de fato algumas vezes existe algum lixo junto dos caixotes do lixo, de fato algumas vezes os jardins estão a precisar de cuidado...

E porque será que há lixo, espalhado pelo chão, nas ruas desta linda terra? plásticos velhos, caixas vazias, embalagens de gelados e de chocolates, garrafas de plástico, folhas, agora máscaras,...

Porque será que há tanto lixo no chão? Quem sabe magia, obra do acaso,... se perguntarmos provavelmente ninguém deixou o lixo no chão...

Ou, talvez até tenhamos deitado, mas as entidades competentes tem obrigação de limpar... de cuidar... de fazer por nós...

E nós, o que podemos fazer? E nós o que estamos dispostos a fazer para além de apontar o que está mal? 

Todos vivemos aqui. Todos gostamos  dum espaço mais limpo e mais agradável. Será que não podemos ter o cuidado de deixar o lixo nos respetivos caixotes? será que custa assim tanto?

Estas duas fotos representam a minha rua. A minha rua como eu a encontrei, a minha rua como a encontro dia sim, sim.




Numa das fotos podemos ver um pedaço de terra ao abandono, sem nada. No outro para além do abandono sobressai o lixo. Na minha rua o cenário dos espaços com terra varia entre estas duas opções.

Fui olhando, dia a pós dia e decidi que poderia fazer alguma coisa.

Então um dia pequei num balde e fui por aí apanhar terra para colocar no espaço vazio, Passei na loja e trouxe sementes de rúcula e de manjericão. Passei no mercado e comprei alfaces para por, um regador e um sacho...

E meti mãos à obra.

As primeiras vezes que trabalhei neste mini pedaço de terra, as pessoas que passavam olhavam para mim com aquele ar... pouco ou nada me importei.

Fui regando, fui trazendo terra quando circulava por aí, fui à procura de estrume,... e a horta foi crescendo.

Comecei a comer a rúcula, a alface, e à medida que ia comendo ia semeando e plantando mais. Na época de menos calor esta mini-mini horta que eu cuido, deu alface, rúcula, couve, favas, tomate, manjericão, salsa, feijão verde,... Comprei uma mangueira para regar a partir da torneira de casa,... e o espaço acima tornou-se no espaço abaixo.



Hoje algumas pessoas que passam quando rego ou cuido, param e dão os parabéns, outras simplesmente olham.

Mas há uma coisa que persiste; o lixo. 

Já fiz uma vedação de canas para a horta mas todos os dias, antes de regar apanho lixo. Todos os dias há lixo! 

Nunca vi mais ninguém apanhar o lixo. Nem na horta nem em lado nenhum. Ah eu sei,... é suposto que os homens da Câmara vem apanhar o que nos largamos em qualquer lado... eu é que sou burra e apanho... 

Também nunca vi ninguém regar. Mas algumas pessoas levaram da mini mini horta que eu cuido, as melhores alfaces, os melhores tomates, os melhores pepinos. Quando eu não via, obviamente.

E se cada um de nós pudesse ajudar a apanhar lixo? E se pelo menos pudéssemos  não deixar no chão?

E se cada um de nós pudesse plantar uma planta e regá-la? Uma só!

Será que cada um destes espaços vazios se poderia tornar em algo melhor?