terça-feira, 1 de agosto de 2023

Partilhar ou não, eis a questão.

Hoje é o dia que decido partilhar.

O tempo passa a correr. já passou um ano e meio depois do dia que, de forma mais confirmada ou não, fiquei a saber que tinha cancro de mama.

4 dias depois decidi que iria escrever as várias etapas, aqui nesta parte mais pessoal do meu blog. 

Mas também decidi que, pelo menos à data, deixaria os artigos em formato rascunho, não disponíveis para o público.

Era tudo muito incerto.

Tenho agora plena consciência de que essa incerteza faz parte da vida. 

Durante este tempo, uns dias escrevi outros não. Até porque a este desafio da mama juntaram-se tantos outros... E como se não bastassem os meus desafios, ainda continuei a fazer o que sempre fiz; levantar-me para resolver os problemas dos outros, assim que sonho que eles existem.

Na verdade, às vezes sinto que tenho estado a passar por isto sem lhe dar o verdadeiro valor, quase que de uma forma leviana. 

Passei por todas as etapas como se fosse fazer algo "normal". E na verdade foi; é o normal para esta situação em concreto.

Durante muito tempo não chorei, para além de umas lágrimas rápidas. E logo de seguida a minha mente lá me dizia; siga que não tempo para isso.

Talvez este tenha sido o meu maior erro. Esse e o aceitar que algumas pessoas à minha volta me possam dizer tudo o que lhes vem à cabeça, sem que eu imponha limites. 

No início deste ano a tristeza apoderou-se de mim. E aí sim, a coisa foi complicada. 

E hoje, uns meses depois do fundo do poço, decidi partilhar. 

Algumas coisas não estão escritas. Mas já escreverei. 

Embora já tenham passado alguns meses, para o que falta escrever, tal como fiz para o que está escrito, tentarei ser fiél nas datas e nas emoções de cada etapa.. . 

Sinto que olhar para elas, escrevê-las, dar-lhe um novo significado ou validar o existente, pode fazer parte do tratamento.

Estou mesmo convencida que o meu corpo está sistematicamente a dizer-me não. Não, não aceito que continues a não te respeitar, a não impor limites, a não valorizar o teu ser.

E, talvez seja melhor eu escolher ouvir. E agir.

quarta-feira, 6 de abril de 2022

A pensar na anestesia...

Dia 22 de Março ligou-me a enfermeira do bloco operatório a dizer que a cirurgia ficava agendada para dia 07 ou 08 de abril e a fazer uma série de perguntas. Disse que teria que entrar de véspera.

Referi que tinha formação agendada para os dias 05, 06 e 07 e por isso mesmo pedia que fosse dia 08, desde que pudesse entrar ao final do dia 07. A Enfermeira não deu certeza absoluta que assim poderia ser, mas eu fiquei com o dia 08 na cabeça e, com base nisso falei com a entidade formadora. Ambas ponderamos e decidimos avançar com o curso.

Referi que tinha tido COVID19, tinha tido muita exportação e estava ainda a tomar antibiótico.

Perguntei se não iria à consulta de anestesia e foi-me referido que a dra. faria a consulta depois do internamento e antes da cirurgia. Achei estranho, todas as pessoas que conheço que passaram pela mesma situação referem a consulta de anestesia...

Cometi o pior de todos os erros, fui ler coisas na internet sobre o assunto. E quem procura, encontra :). Encontrei uma descrição de uma cirurgia em que a pessoa operada sentiu a cirurgia toda, mas como estava com anestesia, tinha os músculos todos "congelados" não conseguiu dar indicação do seu sofrimento.


E aqui começou o meu também. Ainda por cima não ia ter consulta de anestesia... noites mal dormidas, milhares de perguntas na cabeça, ..., mas nada a fazer, que não seja ter esperança.

No final da última semana de março, ligam-me do hospital a dizer que afinal preciso entrar dia 06 ao final do dia 07 ao final do dia. A coisa estava a complicar-me a viabilidade da formação, mas ainda assim mais uma vez falei com a gestora da formação e acordámos que, se necessário, ajustaríamos o horário para que fosse possível concretizar o curso.

Mas... não tinha mesmo que ser, ... umas horas depois, ligaram-me a dizer que afinal precisava entrar dia 06 de manhã ):

Lá se foi o curso... de facto tenho-me cruzado com pessoas fantásticas, a gestora da formação, cancelou o curso sem me colocar nenhum tipo de problema, manifestando total compreensão.

E, dia 06, lá fui eu. A T foi-me levar. Podia ir de transportes, mas ela insistiu. Uma grande amiga.

A pensar na anestesia, mas considerando que tudo estava normal. Mas será que estava?

terça-feira, 8 de março de 2022

Cintigrafa, TAC e ... até COVID19

 Pensava eu que as coisas agora seriam muito rápidas. Na minha cabeça, as coisas estariam prontas para ser operada na semana 10 (7 a 11 de março) ou no máximo na 12 (21 a 25 de março).  Mas, ... algumas marcações vieram rápido, outras um pouco mais lentas...

A última a ser marcada foi a cintigrafia, perguntei se era preciso ir acompanhada e disseram que não.

Umas semanas a levar injetáveis e a entrar e sair de máquinas de vários tipos.

Numa delas, quando fui fazer a ressonância magnética, havia uma peça de tecido que ficava mesmo por baixo da minha boca e nariz. Fiz o que o técnico mandou, sem nada referir, mas na verdade fiquei a pensar quantas pessoas teriam feito o exame com a mesma peça de tecido ali.

Fosse isso, ou não, a verdade é que na semana fiquei com imensa tosse, fui fazer teste, e tinha COVID19.

Ligaram-me, entretanto, para fazer a cintigrafia e tive que dizer que não podia ir porque estava com COVID19. Lá se atrasou tudo ... Lá se foram as datas da minha cabeça. Quem me manda achar que a vida se planeia!

A tosse, insistia em manter-se. à tosse juntou-se expetoração. E eu sem nenhuma indicação que não fosse a do SNS24. 

Na minha cabeça, eu queria mesmo ser operada rápido e tinham-me dito que bastava ter uma constipação para que não fosse possível fazer a cirurgia.

Decidi ir a uma consulta particular, voltei com antibiótico e a indicação que em princípio estaria bem dentro de uma semana.

Ainda fiz umas formações em muito mau estado. Agradeço imenso aos meus formandos que tiveram compreensão comigo e apesar das inúmeras interrupções por causa da tosse, ainda se manifestaram satisfeitos com a formação.

A cintigrafia acabou por ficar marcada para dia 08-03-2022, hoje. Todos muito simpáticos, mas lá vai mais um injetável.

Agora é esperar que todos os resultados cheguem à minha médica e ela agende a cirurgia. 

Pedi às entidades com quem trabalho que me substituíssem em algumas formações na expetativa que a cirurgia estivesse a acontecer nesta quinzena, agora nem tenho formação nem cirurgia. Isto cria-me alguma ansiedade... 

Mas, há que dizer que a entidade tem sido incansáveis e tem feito tudo para me manter a trabalhar o mais tempo possível. Muito Obrigada, especialmente à SGS, com quem, nesta altura, tinha o maior volume de formação. 

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2022

E, sim, é Cancro.

E eis que hoje foi o dia do veredicto final.  

A médica, Dra. Lurdes Ramalho, foi espetacular.  

Referiu que tinha más e boas notícias para me dar; confirma-se é cancro maligno, a boa notícia é que é tipo I e isso significa que é tratável. Indicou ainda que o passo seguinte seria fazer cirurgia e, tudo indica que depois disso só precise de fazer radioterapia.  

Para alguém que é médico e todos os dias, vê casos muito complicados, isto é, um "só". Para mim, nem sei bem... é uma espécie de "tenho medo, mas vamos lá!".  

 Saí da consulta com uma lista de exames para fazer e com a indicação que assim que estivessem prontos poderia ser operada.  

 E mil pensamentos na cabeça; sobre o que iria acontecer, sobre como iria gerir a atividade profissional, com a certeza de não contar aos meus pais - a minha mãe tem andado bastante mal, não precisam ter que se preocupar com mais isto,... sentei-me no carro, chorei um pouco, e siga, ninguém me perguntou se queria, mas algum objetivo terá :) terei que ser capaz de seguir.  

 Para mim era importante que pudesse ser breve, e acima de tudo que pudesse ser planeado de forma a manter-me a trabalhar o mais tempo possível... é que,... fazer parte dos Profissionais Liberais (forma chique de dizer recibos verdes), tem a vantagem de poder gerir a minha vida, mas nestas circunstâncias ficar de baixa é ter pouco mais de nada ao final do mês...Para além de que, manter a cabeça ocupada, nesta fases, também ajuda.  

 Senti, também que tinha chegado o momento de dizer à minha irmã e ao meu sobrinho. Eu sei que isto os preocupa, mas agora já está tudo confirmado e em breve terei que ser operada.  

 Mas, não é algo para dizer por telefone. Pensei em dizer primeiro ao sobrinho e depois junto com ele dizer à minha irmã. Mandei-lhe mensagem para perceber se podia ligar e a propor-me jantar com ele porque precisava de lhe contar uma coisa. 

 Mensagem para cá mensagem para lá, percebi que, sem querer, já tinha instalado alguma preocupação... às vezes quanto mais cuidados, pior. Finalmente decidimos ir a Torres e jantar os três.  

 Fizemos o percurso falando de várias coisas, sem que tenha desvendado o que se passava. 


Quando cheguei a minha irmã disse; diz lá o que é; já sabemos que é mau, só falta saber se tem solução ou não.  

 Fiz um ponto de situação, e referi que agora se seguem exames e logo de seguida a cirurgia. A minha irmã perguntou há quanto tempo sabia e respondi; a algum.  

 Ficou claro que se for preciso ir comigo a algum lado, ela irá.  

Dos exames que me passaram, só a cintigrafia diz que preciso ir acompanhada, mas ainda vou ligar para lá, pode nem ser necessário.  

 Não sei expressar como correu a conversa, mas, saí de lá tranquila, ... na verdade desde do início que, embora com alguma apreensão, me sinto "normal". Obviamente não estou feliz com isto, mas é o que é.

quinta-feira, 27 de janeiro de 2022

Consultas, incertezas,...

Hoje foi dia de biópsia.

Pelo caminho ficaram duas consultas e alguma apreensão.

No dia 28 de dezembro a minha médica não me atendeu presencialmente, mas telefonou-me. Quando lhe disse que o relatório referia um BI-RADS 5, disse-me para eu entregar os exames na receção que iria tratar de fazer o encaminhamento já de seguida.

Deixei de imediato e, meia hora depois, estava a ligar-me para me dizer que o encaminhamento estava feito e provavelmente me chamariam na primeira semana de janeiro.

Um ou dois dias depois liguei a uma amiga. Está de baixa desde outubro, fiquei surpreendida, ... o tempo passa e por vezes nem sabemos o que se passa com os amigos, ... 

A mãe dela teve um problema de mama, foi operada, fez radioterapia e está bem, somente em consultas de rotina. 

Quando estivemos no funeral do N. F ela tinha-me falado que lhe tinha sido detetada esta situação, e nunca mais perguntei nada... passa um dia e outro, vamos correndo atrás de coisas.... e as pessoas vão ficando para trás... 

Ela vai ser operada por prevenção. Isto mais as condições de trabalho, disse-me, levou-me abaixo. 

Também partilhei os meus diagnósticos e acabamos por dar alguma tranquilidade uma à outra.

No dia seguinte ligou-me para dizer que a mãe tinha ido à consulta de rotina, tinha falado do meu caso e a médica dela disponibilizou-se para me atender dia 3 de janeiro.

Dia 1, almocei com a mana e afilhado. foi muito fixe, almoçamos e fomos andar de bicicleta na Várzea. eles ofereceram.me uma bicicleta, no meu aniversário, no mesmo dia já fiquei a andar. com quedas e nódoas negras, mas tenho vindo a treinar... 

Foi um espetáculo; eu e a mana ambas a dar os primeiros passos à séria, nas bicicletas, ... coisas que deveriam ser de crianças, mas cada um faz quando a vida permite...

E sim, continuo sem lhes falar da minha situação, vou fazê-lo só depois do resultado da biópsia. Não há necessidade de preocupar. Na verdade, só teria como retorno preocupação e noites em claro.

Dia 3 lá fui à consulta. A médica confirmou que o que vê nos exames é bastante suspeito. Fez encaminhamento para biópsia. Tentei perceber se poderia "puxar" o meu encaminhamento pois a minha médica tinha encaminhado o meu caso para o Barreiro.

A Dra. referiu que não conseguiria "puxar" o processo e sugeriu que eu seguisse para onde me chamassem primeiro. Só precisaria de a informar caso não seguisse com ela.

Na mesma noite recebi mensagem a chamar para o Barreiro. E lá fui.

A médica que me atendeu deixou-me encantada. Referiu mais uma vez que o que via era muito suspeito. explicou-me que ficaria com os exames médicos para que as técnicas de radiologia pudessem analisar "a pente fino" antes de me chamarem para a biópsia. 

Tranquilizou-me referindo que são especialistas de mama e que a partir do momento que entrava ali, toda a equipa estaria a acompanhar o meu caso. 

Também me pediu para eu assinar alguns documentos, um deles a autorizar que o meu caso fosse analisado pela equipa. 

Apresentou-me a equipa de enfermagem e disse-me que ia fazer o encaminhamento indicando urgência quer no agendamento dos exames quer na obtenção dos resultados.

Pediu que ficasse atenta ao telefone, pois iriam ligar-me a marcar.

Perguntei se me poderia dizer alguma coisa sobre o que me esperaria no sentido de perceber se poderia continuar a trabalhar, pois sendo profissional liberal, isso era uma necessidade. 

Referiu que sem biópsia, não poderia ser exata. Ainda assim referiu que ajustando as datas dos tratamentos de forma a deixar algum tempo para recuperação, em princípio conseguiria. 

Referiu que era importante encontrar estratégias para me manter ativa pois isso ajudava a melhorar a parte emocional que é muito importante nestes casos.

Mas, reforçou, por enquanto não temos dados concretos. Assim que chegarem os resultados da biópsia, eu ligo-lhe para conversarmos.

Vi muito tranquila para casa.

Tendo em conta que é da minha área de residência e tendo em conta a segurança que senti, optei por enviar um email à outra médica, agradecendo a sua disponibilidade e tempo e referindo que optava por ser seguida no Barreiro.

Não foi uma opção fácil, fica a sensação que desvalorizei a ajuda que a minha amiga e a mãe me tinham dado voluntariamente e de coração.

Mas, ... decisões certas são aquelas que tomamos com base nos factos que temos a cada momento. Por isso considero que esta foi a certa.

Biópsia - Relato

 Saí mais segura da consulta, verdade.

Mas apesar de tudo esta coisa da biópsia assusta-me. Tenho algum pavor a agulhas. E sim, toda a gente diz que dão anestesia, mas anestesia dá-se com uma agulha...

Mas enfim, tento distrair-me para não pensar muito no assunto.

É um pouco estranho aquilo que vou sentido. Quando os poucos que sabem me falam do assunto fico um pouco emocionada e acabo sempre por verter algumas lágrimas. Mas na verdade, durmo bem, não penso muito no assunto. E quando penso, salvas raras exceções, passam pela minha cabeça alguns pensamentos;

- aceito, sem nenhuma raiva, sem nenhuma questão. Sou eu, sim. A probabilidade de isto acontecer é relativamente grande, por isso, neste caso calhou-me a mim. Não sei ainda o resultado final, ...mas se eu tiver que morrer, não me assusta. às vezes até consigo imaginar-me a elevar-me daqui, sem nenhum drama.

Talvez existam muitas coisas que ainda posso fazer, mas não me lembro :). Se ficar logo me lembrarei e logo farei, se for, provavelmente era a minha hora. Não cria nenhuma ansiedade ir. Não é; estou deprimida e quero ir, é fico tranquila quer vá quer fique.

O único pensamento que me angustia no ir é saber que os meus pais já perderam um filho, estão muitos frágeis, perder mais uma nesta fase da vida deles, não me parece justo. Mas quem sou eu para saber o que é justo...

Faz um ano, orei muito ao meu anjo Luís (meu irmão), aos meus guias e aos dos meus pais, a Deus, sejam lá quem forem as entidades que não vemos de forma consciente, mas nos ajudam. O que mais pedi foi que livrasse os meus pais de sofrimento. E disse muitas vezes, se for possível trocar que sofra eu por eles. Ainda hoje essa é a minha oração mais comum. Por favor livra os meus de sofrimento. Especialmente os meus pais que já sofreram tanto. Mas também a minha irmã e o meu sobrinho.

E também é o único receio que tenho; o sofrimento que isto me possa causar. Ainda assim, antes eu que qualquer um deles. É uma sensação de impotência muito grande, quando vemos os nossos sofrer e não podemos fazer nada que não seja dizer; estou aqui, amo-te muito.

Mas vamos à biópsia propriamente dita. Foi no dia 27. A minha amiga T insistiu e foi comigo. Com a conversa acabei por me distrair, só fiquei um pouco mais nervosa, quando vem a enfermeira dizer-me bom dia e perguntar se sei o que vou fazer. A medo, lá lhe respondi que sim, mas que tinha muito medo. Ao que ela respondeu, não se preocupe, vamos dar anestesia, não vai custar.

Quando entrei lá me mandou despedir e uns momentos mais tarde deitar em cima de uma marquesa.

3 pessoas, todas muito simpáticas, foram conversando comigo. A Técnica começou por fazer a ecografia e riscar onde ia picar. Explicou-me que primeiro iria assinalar onde precisava picar, depois daria anestesia e depois ia tirar algumas amostras. Referiu que daria anestesia, explicando que era tipo anestesia do dentista, só ia sentir uma espécie de ardor e que depois disso não teria nenhuma dor.

Uma mesa com tantas agulhas e afins...

Quando passou para a fase do picar de verdade, a enfermeira ia dando utensílios :) e a Técnica começou por picar. De facto, não senti a picadela, só senti o tal arder da anestesia. Deu várias, pois ia tirar várias amostras em diferentes pontos da mama; ao nódulo e ao gânglio, pelo que me disseram.

Depois explicou que aquando da recolha das amostras aquilo iria fazer um barulho e exemplificou para me mostrar.

E foi furando, uma e outra vez, E a enfermeira foi limpando e comprimindo.

Por incrível que pareça senti mais a compressão que a recolha da amostra.

Quando disseram, está pronto, nem queria acreditar.

Levei mais uma dose de compressão e sai uma maminha tipo passe-vite!

Bem mais leve do que eu receava.

E agora gelo de hora a hora e não fazer absolutamente nada com o braço do lado da biopsia por 24h. Dores toma Benuron. Se fizer calor ou comichão, vem ter connosco.

Um dia a descansar :) e aparentemente correu bem.


sexta-feira, 24 de dezembro de 2021

Os pontos de interrogação (??...)

E já passaram 4 dias depois da primeira notícia. É dia 24 de dezembro.

Dois estive a ministrar formação. Um fui visitar os meus pais, com a minha irmã e o meu sobrinho/afilhado. Não lhes disse. Não adianta de nada, ainda os vou preocupar.

Tenho estado mais ou menos tranquila. às vezes perco-me em pensamentos. 

O que será que vai acontecer? o que irá dizer a biópsia? E se eu tiver mesmo câncer, como tudo indica?



Como será a minha vida? como conseguirei passar pelos tratamentos? Será que consigo continuar a trabalhar.

Vou conseguir. Tenho essa sensação. Além de que preciso mesmo que isso aconteça. Sou profissional liberal, se não trabalhar, não recebo...

No último aniversário tive a sensação que os próximos anos iriam ser mais leves. Quis ter essa sensação. Faz muito tempo que tenho tido muitos desafios, muitas situações de sofrimento, algumas mesmo de sofrimento extremo.

Parece que me enganei..., mas aceito, pedindo só que o universo me dê coragem e me vá mostrando o caminho. Tenho algum medo de vir a passar por coisas muito dolorosas.... de perder o cabelo, de ter que parar, ... 

Estou apreensiva, mas estranhamente tranquila.

 


segunda-feira, 20 de dezembro de 2021

Será uma má notícia,... ou só um susto?

Faz ano e meio que percebi que tinha este caroço na mama esquerda. Fiz uma mamografia na altura e o técnico que realizou o exame disse-me que tinha um nódulo sim, mas nada que merecesse preocupação.

Há mais ou menos dois meses reparei que no mesmo local tinha uma mancha escura que desapareceu passado algum tempo.

Quando consegui consulta a minha médica de família mandou-me ir fazer uma mamografia. Foi difícil conseguir vaga, a pandemia tem estes impactos.... Fui fazê-la hoje, dia 20 de dezembro de 2021. 

Fui ao Pinhal novo. Esperei quase uma hora antes que que me chamassem para a mamografia. Nesta clínica a mamografia é em sítios diferentes, fiz a mamografia, vesti, mudei-me para o outro extremo da sala e lá entre para a ecografia mamária.

A Técnica estava a observar a mamografia e a mostrar à colega o antes e o depois.



Observou a mama direita e quando passou para a esquerda perguntou:

- Há quanto tempo tem este nódulo?

- Que eu tenha notado há cerca de 2 anos.

- Já fez alguma biopsia?

- Não, da última vez o técnico que me observou e disse-me que não havia motivo para preocupar.

- Quem disse isso?

- O Técnico que realizou o exame.

- Tem a certeza que já tinha?

- Sim, tinha o caroço, sim.

- Estranho. Mas o que lhe posso dizer é que tem mesmo que ir fazer uma biópsia. o nódulo tem 15mm e tem um gânglio a 7mm. Vou escrever tudo clarinho, vá à sua médica de família, o primeiro passo é fazer a biópsia, depois já lhe diremos mais alguma coisa.

Vai tudo correr bem.

Caíram-me uma ou duas lágrimas.

Esta forma de falar, este "vai correr tudo bem", não me deixam nada tranquila.

Saí e passei a tentar marcar a consulta. Sem sucesso. Só em janeiro fazem marcações para fevereiro. 

Disseram para ir dia 28 bem cedo, para ir à consulta do dia.

Vi para casa. A minha amiga TI ligou e já lhe disse. Na sua vertente mais técnica já me explicou que essa proximidade do gânglio não é coisa boa...

Fiquei preocupada e abri o envelope. Tinha uns números que não percebei... fui pesquisar... e lá percebi.

Existe uma escala para relatar os resultados das mamografias e ecografias (de 1 a 6, sendo que 6 é; tem algo maligno). No meu relatório para a mama esquerda apresenta 5.

Embora seja a biópsia que vai tirar teimas, fico triste. Mas ainda assim, aceito e acredito que o Universo saberá o que faz.

Tento distrair-me que amanhã tenho formação para ministrar.

Consegui dormir.







sábado, 20 de novembro de 2021

E se a formação sobre a ISO 9001 pudesse ser tão "leve" como ver um vídeo?

E pode!!! 😉 

Nestes cursos, todos os temas são apresentados em vídeo e as aprendizagens consolidadas através de atividades práticas. 

O objteivo foi criar proximidade e facilitar, criando condições para que possa frequentar esta formação em qualquer local e a qualquer momento.

Quando pensei na sua criação optei por,  criar um curso completo sobre a ISO 9001, e criar cursos parciais, sendo que cada um destes últimos aborda uma das etapas da implementação de um Sistema de Gestão da Qualidade.

A criação dos cursos parciais tinha em mente os seguintes objetivos;

- criar cursos mais curtos e por isso mais fáceis de concluir da perspectiva do tempo que precisa alocar a cada um,

- permitir que frequente somente o curso que corresponde à etapa sobre a qual precisa melhorar competências. Por exemplo se as suas dúvidas forem sobre a Revisão pela Gestão, não faz sentido estar a fazer um curso que aborda todas as outras cláusulas,

- permite fazer um investimento faseado,

- se pretender frequentar todas as etapas poderá fazê-lo em momentos separados consoante as suas necessidades.




Inscreva-se em: https://didaskou.moqi.pt

Para as Organização ao redor do mundo, quando se trata de fazer a diferença, a Qualidade é cada vez mais um trunfo a considerar.

É algo que parece simples. Se nos perguntarem se sabemos o que é a Qualidade, certamente responderemos que sim.

Mas, se nos pedirem para escrever numa folha em branco o que significa qualidade,... já fica mais difícil.

Se além disso, nos pedirem para dizer o que é um Sistema de Gestão da Qualidade,... talvez piore.

E se nos perguntarem o que faz um profissional da Qualidade? ...

Esta é uma profissão cada vez mais procurada.  É que... Os gestores de todo mundo querem fazer algo para diferenciar a sua empresa e muitos já descobriram que implementar  um Sistema de Gestão da Qualidade é uma das formas de o conseguir.

Se quiser fazer parte dela, estas formações poderão ser uma boa opção.



domingo, 1 de agosto de 2021

Destruir estátuas muda o futuro?

 Ainda muito recentemente vimos grupos de pessoas a derrubar estátuas pelo mundo inteiro.

Pelo que consegui entender, esta foi a forma que estas pessoas encontraram para dizer que são contra todo o tipo de escravização, tortura e maus tratos de seres humanos, por seres humanos.

Eu também sou contra todo o tipo de escravização, tortura e maus tratos de seres humanos, por seres humanos. Na verdade, até me parece estranho que possa existir alguém no mundo inteiro que não seja.

Claro que nenhum ser humano deveria ser sujeito a nenhum tipo de mau trato nem físico nem verbal, nem nenhum outro...

Absolutamente de acordo!

Infelizmente a escravatura, o massacre, a tortura e os maus tratos remontam às primeiras civilizações. E durante séculos era até uma prática comum e aceite por muitos povos.  

Desde os escravos que eram usados nas arenas de gladiadores, às mulheres escravas que eram usadas como concubinas, aos que trabalhavam nas grandes fazendas, nas grandes obras, ...

Desde os prisioneiros de guerra, aos presos políticos, aos povos colonizados, são inúmeras as situações que deveriam envergonhar os seres humanos...

Há quem diga que ao longo dos tempos temos evoluído, que o progresso tem sido a ritmo nunca visto, ... há quem diga e não vou sequer desmentir.

Muito tem mudado efetivamente, mas em pleno século 21 a escravatura, os maus tratos, a tortura continua a estar presente na sociedade.

Em pleno século XXI, 200 milhões de mulheres continuam a ser vítimas de mutilação genital.

Em pleno século XXI, existem milhões de pessoas que são comercializadas como mercadoria, sendo transportados em contentores de país para pais, alguns deles morrendo pelo caminho, ...

Em pleno século XXI, milhões de mulheres continuam a ser obrigadas a andar de cara tapada, estão proibidas de ter opinião, obrigadas a satisfazer os desejos dos homens que as detêm...

Em pleno século XXI, milhões de crianças são abusadas por adultos, muitas vezes familiares...

Em pleno século XXI, muitos, muitos milhões de homens e mulheres pensam e dizem que ser gay ou lésbica é uma opção... e decidem humilhar, maltratar e até assassinar pessoas só porque elas são diferentes...

Em pleno século XXI, muitos milhões de pessoas decidiram destruir estátuas porque são contra as situações de escravatura, tortura e maus tratos que se fizeram ao longo da história.

Destruir estátuas muda o passado? Muda o futuro?

E se fizéssemos alguma coisa sobre o que se faz hoje? E se usássemos essa energia para ajudar HOJE?

E aqui está um tema sobre o qual eu consigo fazer tão pouco.

segunda-feira, 3 de maio de 2021

Será que faz sentido encontrar culpados?

Li esta história algures por aí. Aparece em vários  locais com pequenas alterações de uns para outros. Não consegui em nenhum identificar autor.

Decidi partilhá-la porque fala de um tema muito badalado e dá a conhecer uma realidade desconhecida de muitos. Algumas coisas concordo outras nem por isso, pelo que faço uma Nota prévia:

Como em muitas outras coisas, eu não me identifico nada com esta guerra de gerações. No mundo real não é assim; não são maus os da geração x e bons os da geração y. Em cada época existe  bom e menos bom.

O importante mesmo, é que em cada momento sejamos capazes de fazer o melhor.

No entanto não posso deixar de dizer que não gosto de ouvir dizer que a minha geração destruiu o planeta. Não me sinto ofendida porque eu sei que não foi assim, eu vivi lá, no mundo real, não naquele que algumas pessoas pensam que existiu. 

No entanto, a acusação de que a minha geração não tinha consciência ambiental, na minha opinião,  demonstra um grande desconhecimento sobre a forma como se vivia nessa época quer do ponto de vista das dificuldades.



 

Na fila do supermercado, o caixa diz a uma senhora idosa:

- A senhora deveria trazer as suas próprias sacolas para as compras, uma vez que sacos de plástico não são amigáveis com o ambiente.

A senhora pediu desculpas e disse:

- Não havia essa onda verde no meu tempo.
O empregado respondeu:

- Esse é exatamente o nosso problema hoje, minha senhora. A sua geração não se preocupou o suficiente com o nosso ambiente.

- Você está certa - responde a velha senhora - a nossa geração não se preocupou adequadamente com o ambiente.

Naquela época, as garrafas de leite, garrafas de refrigerante e cerveja eram devolvidos à loja.
A loja mandava de volta para a fábrica, onde eram lavadas e esterilizadas antes de cada reuso, e eles, os fabricantes de bebidas, usavam as garrafas, umas tantas outras vezes.

Realmente não nos preocupamos com o ambiente no nosso tempo.

Subíamos as escadas, porque não havia escadas rolantes nas lojas e nos escritórios.

Caminhávamos até à escola ao comércio ou ao médico, porque os carros escasseavam, só alguns mais ricos se davam a esse luxo.

Mas você está certo. Nós não nos preocupávamos com o ambiente.

Até então, as fraldas de bebés eram lavadas, porque não havia fraldas descartáveis. Eram lavadas à mão porque não havia máquina de lavar roupa

Roupas secas: a secagem era feita por nós, não nestas máquinas bamboleantes de 220 volts.

A energia solar e eólica é que realmente secavam nossas roupas.

Os meninos pequenos usavam as roupas que tinham sido de seus irmãos mais velhos, e não roupas sempre novas.

Mas é verdade: não havia preocupação com o ambiente, naqueles dias.

Naquela época só tínhamos uma TV ou rádio em casa, e não uma TV em cada quarto.

E a TV tinha um ecrã do tamanho de um lenço, não um ecrã do tamanho de um estádio; que depois será descartado como?

Na cozinha, tínhamos que bater tudo com as mãos porque não havia máquinas elétricas, que fazem tudo por nós.

Quando embalávamos algo um pouco frágil para o correio, usamos jornal amassado para protegê-lo, não plástico bolha ou filme de plástico que duram cinco séculos para começar a degradar-se.

Naqueles tempos não se usava um motor a gasolina apenas para cortar a relva, era utilizado um cortador de relva que exigia músculos. O exercício era extraordinário, e não precisava ir a um ginásio e usar passadeiras que também funcionam a eletricidade.

Mas você tem razão: não havia naquela época preocupação com o ambiente.

Bebíamos diretamente da fonte, quando estávamos com sede, em vez de usar copos plásticos e garrafas pet que agora são aos milhares nos oceanos.

Canetas: recarregávamos com tinta umas tantas vezes ao invés de comprar uma outra.

Afiávamos as navalhas, ao invés de deitar fora todos os aparelhos "descartáveis" e poluentes só porque a lâmina ficou sem corte.

Na verdade, tivemos uma onda verde naquela época.

Naqueles dias, as pessoas apanhavam o autocarro e os meninos iam nas suas bicicletas ou a pé para a escola, ao invés de usar a mãe como um serviço de táxi 24 horas. Tínhamos só uma tomada em cada quarto, e não um quadro de tomadas em cada parede para alimentar uma dúzia de aparelhos.

E nós não precisávamos de um GPS para receber sinais de satélites a milhas de distância no espaço, só para encontrar a pizzaria mais próxima.

Então, por que razão a atual geração fala tanto em "meio ambiente", mas não quer abrir mão de nada e não pensa em viver um pouco como na minha época?


domingo, 15 de novembro de 2020

Observando

Eu simplesmente observo...

Observo que estamos num mundo onde nada sabemos, mas reinam as certezas!

Observo que estamos num mundo onde queremos ser respeitados, mas respeitamos acima de tudo aquilo que nós pensamos, dizemos e fazemos.

Acho triste!

Estamos perante uma situação, que provavelmente nenhum de nós esperou viver. Certamente todos temos receios, certamente todos nos preocupamos, certamente todos tentamos fazer o que achamos certo.

Mas todos nós somos diferentes, tivemos percursos de vida diferentes, vemos o mundo de forma diferente. E isso não tem nada de errado, muito antes pelo contrário.

Por isso é bem normal, que nesta situação de pandemia que todos vivemos, possamos ter reações diferentes, possamos ver as coisas de forma diferente,...

Alguns de nós vivem sob as ordens do medo,  acreditando que precisamos parar o mundo para sobreviver ao vírus.

Outros, dizem os primeiros, vivem sob as ordens da negação, acreditando que parar o mundo não faz parte da solução.

Alguns dizem que as pessoas não entendem, enquanto não morrer de covid, alguém da família deles. 

Outros dizem que as pessoas não entendem, enquanto não morrer por falta de assistência médica, alguém da família deles.

E todos podem ter razão. E, tudo estaria certo, e tudo isso poderia até ser interessante se conseguíssemos sentarmo-nos à mesma mesa, analisar os diferentes pontos de vista, os porquês, os caminhos possíveis,... poderia não só interessante como poderia ser o caminho para encontrar a solução.

Mas em vez disso perdemos energia e tempo a ofender e humilhar todos os que pensam de forma diferente da nossa.

A internet, os canais (supostamente) de notícias, os jornais,  estão cheios de agressões recíprocas.

Os meios de comunicação, social supostamente isentos, tomam partido duns e de outros e fazem questão de chamar debate e notícia a espetáculos gratuitos de agressão com os seus respetivos apoiantes a gritar vitória à vez.

Por muito que eu ache estranho, parece que se entende que a razão está o lado de quem mais grita, de quem mais ofende, de quem mais palavrões diz.

Parece que se acredita que o importante numa conversa é ter razão! 

Parece que se acredita que, para resolver um desafio que é de todos nós, o caminho é criticar o outro, julgá-lo,  rebaixá-lo, ofendê-lo, humilhá-lo, agredi-lo e se necessário for matá-lo.

Não é relevante se tenho razão, o que eu gostava mesmo era que conseguíssemos encontrar uma solução útil para a humanidade.



domingo, 16 de agosto de 2020

Para quê Dadiskou ?

Há uns tempos atrás alguém me dizia que seria interessante se o meu blog Didaskou, me identificasse um pouco mais; falasse mais das minhas opiniões, do que eu penso, das minhas ações,...

Na altura não liguei... Mais tarde tentei até incluir mais temas. E depois de alguns testes decidi arranjar um espaço para o meu "outro lado". Tal como o meu "outro lado" a essência é a mesma, Didaskou, virou um pouco ao contrário e ficou Dadiskou.

Não é um espaço para criticar até porque já me disse a vida que criticar é fácil,... difícil mesmo é fazer alguma coisa. É um espaço para Observar, Refletir e Agir.

Bem, ao observar e escrever sobre o que observo é impossível não deixar sobressair a minha opinião. É bem provável que por vezes assuma algum julgamento. Mas o que pretendo é que por detrás de cada palavra, de cada observação, esteja sempre uma ação que, pelo menos à luz do meu entendimento, seja positiva.

Quando queremos, podemos sempre fazer coisas para melhorar,... o planeta, a nossa comunidade, as nossas ruas, a nós mesmos...

Este espaço será o local onde irei escrevendo alguns exemplos de pequenas(muito pequenas) coisas que vou fazendo e/ou de algumas coisas que vou observando. A minha intenção é promover a reflexão e mostrar que, querendo, sempre podemos fazer algo para mudar o mundo, ainda que seja só o nosso. E se mudarmos o nosso, talvez possamos mudar o MUNDO.