Hoje
é o dia que decido partilhar.
O tempo passa a correr. já passou um ano e meio depois do dia que,
de forma mais confirmada ou não, fiquei a saber que tinha cancro de mama.
4 dias depois decidi que iria escrever as várias etapas, aqui nesta parte mais pessoal do meu blog.
Mas também decidi que, pelo menos à data,
deixaria os artigos em formato rascunho, não disponíveis para o público.
Era tudo muito incerto.
Tenho agora plena consciência de que essa incerteza faz parte da
vida.
Durante este tempo, uns dias escrevi outros não. Até porque a este
desafio da mama juntaram-se tantos outros... E como se não bastassem os
meus desafios, ainda continuei a fazer o que sempre fiz; levantar-me para
resolver os problemas dos outros, assim que sonho que eles existem.
Na verdade, às vezes sinto que tenho estado a passar por isto sem
lhe dar o verdadeiro valor, quase que de uma forma leviana.
Passei por todas as etapas como se fosse fazer algo
"normal". E na verdade foi; é o normal para esta situação em
concreto.
Durante muito tempo não chorei, para além de umas lágrimas
rápidas. E logo de seguida a minha mente lá me dizia; siga que não tempo para isso.
Talvez este tenha sido o meu maior erro. Esse e o aceitar que
algumas pessoas à minha volta me possam dizer tudo o que lhes vem à cabeça, sem
que eu imponha limites.
No início deste ano a tristeza apoderou-se de mim. E aí sim, a coisa foi complicada.
Estou mesmo convencida que o meu corpo está sistematicamente a
dizer-me não. Não, não aceito que continues a não te respeitar, a não impor
limites, a não valorizar o teu ser.
E, talvez seja melhor eu escolher ouvir. E agir.