terça-feira, 1 de agosto de 2023

Partilhar ou não, eis a questão.

Hoje é o dia que decido partilhar.

O tempo passa a correr. já passou um ano e meio depois do dia que, de forma mais confirmada ou não, fiquei a saber que tinha cancro de mama.

4 dias depois decidi que iria escrever as várias etapas, aqui nesta parte mais pessoal do meu blog. 

Mas também decidi que, pelo menos à data, deixaria os artigos em formato rascunho, não disponíveis para o público.

Era tudo muito incerto.

Tenho agora plena consciência de que essa incerteza faz parte da vida. 

Durante este tempo, uns dias escrevi outros não. Até porque a este desafio da mama juntaram-se tantos outros... E como se não bastassem os meus desafios, ainda continuei a fazer o que sempre fiz; levantar-me para resolver os problemas dos outros, assim que sonho que eles existem.

Na verdade, às vezes sinto que tenho estado a passar por isto sem lhe dar o verdadeiro valor, quase que de uma forma leviana. 

Passei por todas as etapas como se fosse fazer algo "normal". E na verdade foi; é o normal para esta situação em concreto.

Durante muito tempo não chorei, para além de umas lágrimas rápidas. E logo de seguida a minha mente lá me dizia; siga que não tempo para isso.

Talvez este tenha sido o meu maior erro. Esse e o aceitar que algumas pessoas à minha volta me possam dizer tudo o que lhes vem à cabeça, sem que eu imponha limites. 

No início deste ano a tristeza apoderou-se de mim. E aí sim, a coisa foi complicada. 

E hoje, uns meses depois do fundo do poço, decidi partilhar. 

Algumas coisas não estão escritas. Mas já escreverei. 

Embora já tenham passado alguns meses, para o que falta escrever, tal como fiz para o que está escrito, tentarei ser fiél nas datas e nas emoções de cada etapa.. . 

Sinto que olhar para elas, escrevê-las, dar-lhe um novo significado ou validar o existente, pode fazer parte do tratamento.

Estou mesmo convencida que o meu corpo está sistematicamente a dizer-me não. Não, não aceito que continues a não te respeitar, a não impor limites, a não valorizar o teu ser.

E, talvez seja melhor eu escolher ouvir. E agir.

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