quarta-feira, 2 de fevereiro de 2022

E, sim, é Cancro.

E eis que hoje foi o dia do veredicto final.  

A médica, Dra. Lurdes Ramalho, foi espetacular.  

Referiu que tinha más e boas notícias para me dar; confirma-se é cancro maligno, a boa notícia é que é tipo I e isso significa que é tratável. Indicou ainda que o passo seguinte seria fazer cirurgia e, tudo indica que depois disso só precise de fazer radioterapia.  

Para alguém que é médico e todos os dias, vê casos muito complicados, isto é, um "só". Para mim, nem sei bem... é uma espécie de "tenho medo, mas vamos lá!".  

 Saí da consulta com uma lista de exames para fazer e com a indicação que assim que estivessem prontos poderia ser operada.  

 E mil pensamentos na cabeça; sobre o que iria acontecer, sobre como iria gerir a atividade profissional, com a certeza de não contar aos meus pais - a minha mãe tem andado bastante mal, não precisam ter que se preocupar com mais isto,... sentei-me no carro, chorei um pouco, e siga, ninguém me perguntou se queria, mas algum objetivo terá :) terei que ser capaz de seguir.  

 Para mim era importante que pudesse ser breve, e acima de tudo que pudesse ser planeado de forma a manter-me a trabalhar o mais tempo possível... é que,... fazer parte dos Profissionais Liberais (forma chique de dizer recibos verdes), tem a vantagem de poder gerir a minha vida, mas nestas circunstâncias ficar de baixa é ter pouco mais de nada ao final do mês...Para além de que, manter a cabeça ocupada, nesta fases, também ajuda.  

 Senti, também que tinha chegado o momento de dizer à minha irmã e ao meu sobrinho. Eu sei que isto os preocupa, mas agora já está tudo confirmado e em breve terei que ser operada.  

 Mas, não é algo para dizer por telefone. Pensei em dizer primeiro ao sobrinho e depois junto com ele dizer à minha irmã. Mandei-lhe mensagem para perceber se podia ligar e a propor-me jantar com ele porque precisava de lhe contar uma coisa. 

 Mensagem para cá mensagem para lá, percebi que, sem querer, já tinha instalado alguma preocupação... às vezes quanto mais cuidados, pior. Finalmente decidimos ir a Torres e jantar os três.  

 Fizemos o percurso falando de várias coisas, sem que tenha desvendado o que se passava. 


Quando cheguei a minha irmã disse; diz lá o que é; já sabemos que é mau, só falta saber se tem solução ou não.  

 Fiz um ponto de situação, e referi que agora se seguem exames e logo de seguida a cirurgia. A minha irmã perguntou há quanto tempo sabia e respondi; a algum.  

 Ficou claro que se for preciso ir comigo a algum lado, ela irá.  

Dos exames que me passaram, só a cintigrafia diz que preciso ir acompanhada, mas ainda vou ligar para lá, pode nem ser necessário.  

 Não sei expressar como correu a conversa, mas, saí de lá tranquila, ... na verdade desde do início que, embora com alguma apreensão, me sinto "normal". Obviamente não estou feliz com isto, mas é o que é.

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