Saí
mais segura da consulta, verdade.
Mas apesar de tudo esta coisa da biópsia
assusta-me. Tenho algum pavor a agulhas. E sim, toda a gente diz que dão anestesia,
mas anestesia dá-se com uma agulha...
Mas enfim, tento distrair-me para não
pensar muito no assunto.
É um pouco estranho aquilo que vou
sentido. Quando os poucos que sabem me falam do assunto fico um pouco
emocionada e acabo sempre por verter algumas lágrimas. Mas na verdade, durmo
bem, não penso muito no assunto. E quando penso, salvas raras exceções, passam
pela minha cabeça alguns pensamentos;
- aceito, sem nenhuma raiva, sem nenhuma
questão. Sou eu, sim. A probabilidade de isto acontecer é relativamente grande,
por isso, neste caso calhou-me a mim. Não sei ainda o resultado final, ...mas
se eu tiver que morrer, não me assusta. às vezes até consigo imaginar-me a
elevar-me daqui, sem nenhum drama.
Talvez existam muitas coisas que ainda
posso fazer, mas não me lembro :). Se ficar logo me lembrarei e logo farei, se for,
provavelmente era a minha hora. Não cria nenhuma ansiedade ir. Não é; estou
deprimida e quero ir, é fico tranquila quer vá quer fique.
O único pensamento que me angustia no ir
é saber que os meus pais já perderam um filho, estão muitos frágeis, perder
mais uma nesta fase da vida deles, não me parece justo. Mas quem sou eu para
saber o que é justo...
Faz um ano, orei muito ao meu anjo Luís
(meu irmão), aos meus guias e aos dos meus pais, a Deus, sejam lá quem forem as
entidades que não vemos de forma consciente, mas nos ajudam. O que mais pedi
foi que livrasse os meus pais de sofrimento. E disse muitas vezes, se for
possível trocar que sofra eu por eles. Ainda hoje essa é a minha oração mais
comum. Por favor livra os meus de sofrimento. Especialmente os meus pais que já
sofreram tanto. Mas também a minha irmã e o meu sobrinho.
E também é o único receio que tenho; o
sofrimento que isto me possa causar. Ainda assim, antes eu que qualquer um
deles. É uma sensação de impotência muito grande, quando vemos os nossos sofrer
e não podemos fazer nada que não seja dizer; estou aqui, amo-te muito.
Mas vamos à biópsia propriamente dita.
Foi no dia 27. A minha amiga T insistiu e foi comigo. Com a conversa acabei por me distrair,
só fiquei um pouco mais nervosa, quando vem a enfermeira dizer-me bom dia e
perguntar se sei o que vou fazer. A medo, lá lhe respondi que sim, mas que
tinha muito medo. Ao que ela respondeu, não se preocupe, vamos dar anestesia,
não vai custar.
Quando entrei lá me mandou despedir e
uns momentos mais tarde deitar em cima de uma marquesa.
3 pessoas, todas muito simpáticas, foram
conversando comigo. A Técnica começou por fazer a ecografia e riscar onde ia
picar. Explicou-me que primeiro iria assinalar onde precisava picar, depois
daria anestesia e depois ia tirar algumas amostras. Referiu que daria
anestesia, explicando que era tipo anestesia do dentista, só ia sentir uma
espécie de ardor e que depois disso não teria nenhuma dor.
Uma mesa com tantas agulhas e afins...
Quando passou para a fase do picar de
verdade, a enfermeira ia dando utensílios :) e a Técnica começou por picar. De
facto, não senti a picadela, só senti o tal arder da anestesia. Deu várias,
pois ia tirar várias amostras em diferentes pontos da mama; ao nódulo e ao
gânglio, pelo que me disseram.
Depois explicou que aquando da recolha
das amostras aquilo iria fazer um barulho e exemplificou para me mostrar.
E foi furando, uma e outra vez, E a
enfermeira foi limpando e comprimindo.
Por incrível que pareça senti mais a
compressão que a recolha da amostra.
Quando disseram, está pronto, nem queria
acreditar.
Levei mais uma dose de compressão e sai
uma maminha tipo passe-vite!
Bem mais leve do que eu receava.
E agora gelo de hora a hora e não fazer
absolutamente nada com o braço do lado da biopsia por 24h. Dores toma Benuron.
Se fizer calor ou comichão, vem ter connosco.
Um dia a descansar :) e aparentemente
correu bem.
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