quinta-feira, 27 de janeiro de 2022

Biópsia - Relato

 Saí mais segura da consulta, verdade.

Mas apesar de tudo esta coisa da biópsia assusta-me. Tenho algum pavor a agulhas. E sim, toda a gente diz que dão anestesia, mas anestesia dá-se com uma agulha...

Mas enfim, tento distrair-me para não pensar muito no assunto.

É um pouco estranho aquilo que vou sentido. Quando os poucos que sabem me falam do assunto fico um pouco emocionada e acabo sempre por verter algumas lágrimas. Mas na verdade, durmo bem, não penso muito no assunto. E quando penso, salvas raras exceções, passam pela minha cabeça alguns pensamentos;

- aceito, sem nenhuma raiva, sem nenhuma questão. Sou eu, sim. A probabilidade de isto acontecer é relativamente grande, por isso, neste caso calhou-me a mim. Não sei ainda o resultado final, ...mas se eu tiver que morrer, não me assusta. às vezes até consigo imaginar-me a elevar-me daqui, sem nenhum drama.

Talvez existam muitas coisas que ainda posso fazer, mas não me lembro :). Se ficar logo me lembrarei e logo farei, se for, provavelmente era a minha hora. Não cria nenhuma ansiedade ir. Não é; estou deprimida e quero ir, é fico tranquila quer vá quer fique.

O único pensamento que me angustia no ir é saber que os meus pais já perderam um filho, estão muitos frágeis, perder mais uma nesta fase da vida deles, não me parece justo. Mas quem sou eu para saber o que é justo...

Faz um ano, orei muito ao meu anjo Luís (meu irmão), aos meus guias e aos dos meus pais, a Deus, sejam lá quem forem as entidades que não vemos de forma consciente, mas nos ajudam. O que mais pedi foi que livrasse os meus pais de sofrimento. E disse muitas vezes, se for possível trocar que sofra eu por eles. Ainda hoje essa é a minha oração mais comum. Por favor livra os meus de sofrimento. Especialmente os meus pais que já sofreram tanto. Mas também a minha irmã e o meu sobrinho.

E também é o único receio que tenho; o sofrimento que isto me possa causar. Ainda assim, antes eu que qualquer um deles. É uma sensação de impotência muito grande, quando vemos os nossos sofrer e não podemos fazer nada que não seja dizer; estou aqui, amo-te muito.

Mas vamos à biópsia propriamente dita. Foi no dia 27. A minha amiga T insistiu e foi comigo. Com a conversa acabei por me distrair, só fiquei um pouco mais nervosa, quando vem a enfermeira dizer-me bom dia e perguntar se sei o que vou fazer. A medo, lá lhe respondi que sim, mas que tinha muito medo. Ao que ela respondeu, não se preocupe, vamos dar anestesia, não vai custar.

Quando entrei lá me mandou despedir e uns momentos mais tarde deitar em cima de uma marquesa.

3 pessoas, todas muito simpáticas, foram conversando comigo. A Técnica começou por fazer a ecografia e riscar onde ia picar. Explicou-me que primeiro iria assinalar onde precisava picar, depois daria anestesia e depois ia tirar algumas amostras. Referiu que daria anestesia, explicando que era tipo anestesia do dentista, só ia sentir uma espécie de ardor e que depois disso não teria nenhuma dor.

Uma mesa com tantas agulhas e afins...

Quando passou para a fase do picar de verdade, a enfermeira ia dando utensílios :) e a Técnica começou por picar. De facto, não senti a picadela, só senti o tal arder da anestesia. Deu várias, pois ia tirar várias amostras em diferentes pontos da mama; ao nódulo e ao gânglio, pelo que me disseram.

Depois explicou que aquando da recolha das amostras aquilo iria fazer um barulho e exemplificou para me mostrar.

E foi furando, uma e outra vez, E a enfermeira foi limpando e comprimindo.

Por incrível que pareça senti mais a compressão que a recolha da amostra.

Quando disseram, está pronto, nem queria acreditar.

Levei mais uma dose de compressão e sai uma maminha tipo passe-vite!

Bem mais leve do que eu receava.

E agora gelo de hora a hora e não fazer absolutamente nada com o braço do lado da biopsia por 24h. Dores toma Benuron. Se fizer calor ou comichão, vem ter connosco.

Um dia a descansar :) e aparentemente correu bem.


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